“Os sonhos teus vão acabar contigo”: prosa, poesia, teatro
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“Os sonhos teus vão acabar contigo”: prosa, poesia, teatro
“Os sonhos teus vão acabar contigo”: prosa, poesia, teatro apresenta pela primeira vez no Brasil uma coletânea dedicada a Daniil Kharms (1905-1942), um dos mais talentosos e autênticos escritores da vanguarda russa. Além de textos e poemas selecionados e da série Causos (miniaturas escritas entre 1933 e 1939), a edição inclui A velha, de 1939, sua única novela, e a peça Elizaveta Bam, de 1928, hoje por muitos considerada um marco do teatro do absurdo. A peça também é um símbolo da OBERIU (Associação para uma Arte Real), grupo de vanguarda do fim da década de 1920 do qual Kharms foi um dos fundadores e cujo manifesto também integra este volume. No universo de Daniil Kharms, povoado de símbolos, como a esfera, o relógio e a janela, os objetos, abstratos e ideais, colidem e se transformam, caem e se esquecem de si; o tempo e a morte tornam-se descontínuos e fragmentados. A lógica rotineira é parodiada, virada pelo avesso, “mas quem disse que a lógica do cotidiano é a lógica obrigatória em arte?”, diriam Kharms e seus amigos da OBERIU. Com humor e nonsense, Kharms desvela o trágico da vida, sai em busca de um real que parte da vida em si mesma, da “ vida verdadeira que só pode ser captada nas coisas mais esquisitas, nas atitudes mais desastrosas, nas ocorrências sem sentido, que são ao mesmo tempo banais e excepcionais”, nas linhas de Aurora Fornoni Bernardini. Genialmente transgressores, os textos de Daniil Kharms dialogam de frente com os dilemas da arte e da vida contemporâneas e sobre eles se debruça um número cada vez maior de leitores.
COLEÇÃO CONTOS RUSSOS MODERNOS (1900-1930), centrada na produção do primeiro terço do século XX, privilegia uma plêiade de escritores que, com a consolidação do regime totalitarista, foi condenada ao esquecimento, até ser redescoberta na década de 1990. Como uma cápsula no tempo, escondida no subsolo, esses artistas são testemunhas literárias de um passado ainda muito velado, com um legado de poéticas singulares e inovadoras.
Finalista do Prêmio Jabuti 2014 na categoria tradução.
SAIU NA IMPRENSA
Revista da Folha – por Luiz Brás Out/13
O Estado de S. Paulo – Cultura, por João Luiz Sampaio Set/13
O Estado de S. Paulo – Cultura (entrevista) Set/13
Folha de S. Paulo – revista São Paulo, por Manuel da Costa Pinto Set/20
Instituto Moreira Salles – Blog do IMS, por Daniel Pellizzari Set/13
Revista Errática Out/13
Jornal Rascunho (Gazeta do Povo) – por Dirce Waltrick do Amarante Abr/14
O Estado de S. Paulo – Cultura, por João Luiz Sampaio Jul/14
O Globo – Cultura, por Dirce Waltrick do Amarante Ago/14
Folha de S. Paulo – Cacilda, blog de teatro, por Nelson de Sá Ago/14
Teatrojornal, por Dirce Waltrick do Amarante Mar/16
Jornal Opção, por Euler de França Belém Abr/17
Jornal Opção, por Cláudio Ribeiro Abr/17
LEIA TRECHOS DO LIVRO NA REVISTA KALINKA
Parte da série “Causos” (Slútchai), miniaturas escritas entre 1933 e 1939
| AUTOR: Daniil Kharms |
| TRADUÇÃO: Aurora Fornoni Bernardini, Daniela Mountian, Moissei Mountian |
| ISBN: 9788561096021 |
| LANÇAMENTO: 2013 |
| PÁGINAS: 296 |
| FORMATO: 21 x 14 cm |
| POSFÁCIO: Aurora Fornoni Bernardini |
| CAPA: Fabio Flaks |
| ACABAMENTO: Brochura |
Daniil Kharms

Um dos expoentes da vanguarda russa, Daniil Kharms (1905-1942), pseudônimo de Daniil Ivánovitch Iuvatchóv, só teve sua obra «adulta» amplamente conhecida na Rússia nos anos 1990, assim como ocorreu a muitos artistas que viveram sob a égide da censura stalinista. Foi, então, integrado ao panteão dos escritores russos. A linguagem concisa, o humor ferino, o nonsense e a figura extravagante de Daniil Kharms inspiram artistas russos há quase duas décadas. Nascido em São Petersburgo, era filho de Ivan Iuvatchóv (1860-1940), que de um revolucionário do Vontade do Povo tornou-se um cristão fervoroso, e de Nadiejda Koliubákina (1876-1928). Após terminar o ginásio em Tsárskoie Seló, Kharms (de harm, do inglês, «mal», «dano») ingressou na Escola Eletrotécnica de Leningrado, de onde foi expulso, em 1926, por mau aproveitamento nos estudos. E não podia ser diferente: artista inquieto e eclético, o jovem logo se viu entre pensadores excêntricos, como Iákov Drúskin (1902-1980) e Leonid Lipávski (1904-1941) — filósofos que o influenciaram em suas buscas metafísicas (criaram o círculo dos tchinari) —, e entre poetas de vanguarda, como Aleksándr Vvédienski (1904-1941) — com quem, em 1928, criou a OBERIU (acrônimo de Obiediniénie reálnogo iskússtva, Associação para uma arte real), reunindo literatura, teatro, cinema e artes plásticas. Para a noite dе estreia da OBERIU, da qual outros artistas também faziam parte, como o poeta Nikolai Zabolótski (1903-1958), Daniil escreveu a peça Elizaveta Bam, consideradа por muitos críticos um marco do teatro do absurdo. Depois de ter sido preso pela primeira vez, em 1931, devido aos seus poemas e contos infantis — praticamente os únicos publicados em vida e adorados pelas crianças de Leningrado —, Kharms deixou a poesia um pouco de lado e se voltou para a prosa. Nos anos 1930, ele criou os antológicos Causos, série de miniaturas escrita entre 1933 e 1939, e A velha (1939), sua única novela. Em 1941, Daniil Kharms foi preso num hospital psiquiátrico, acusado de «propagar um estado derrotista e calunioso» no prelúdio da Segunda Guerra Mundial, morrendo de fome numa cela no ano seguinte, aos 36 anos de idade.
