Nadiejda Téffi
Nadiejda Téffi (1872–1952), batizada Nadiejda Lókhvitskaia, nasceu em São Petersburgo. O pai foi um conhecido advogado criminalista e a mãe, de origem francesa, versada em letras russas e estrangeiras. A primeira da família a ganhar notoriedade foi a irmã mais velha de Téffi, Mirra (Maria) Lókhvitskaia (1869–1905), uma importante poetisa que se consolidou no mundo literário na década de 1890. Alguns anos depois chegou a vez de Nadiejda Téffi, que publicou seu primeiro conto, a forma literária que a consagrou, em 1905, na revista Trigal (Niva). No mesmo ano, saiu o poema “Ptcholka”, que chamou atenção de figuras como Vladímir Lênin e Maksim Górki.
Há várias versões sobre a origem do pseudônimo “Téffi”, usado por Nadiejda desde 1901. Uma delas afirma que ela o teria tirado de um poema de Rudyard Kipling. O fato é que o pseudônimo não deixava de ser um procedimento artístico da autora, que parodiava a si mesma, e até se tornou tema de um conto de 1931. Nele aparece outra versão, na qual ela teria usado “Téffi” para evitar ter de se esconder atrás de um nome masculino, como era costume na época.
Enquanto morava na Rússia, colaborou em muitas publicações, como Vida nova (Nóvaia jizn), Trigal, Sinal (Signal), Satirikon, Libélula (Strekozá) e A palavra russa (Rússkoie slovo). Com o tempo, cada vez mais conhecida, Téffi foi estabelecendo um estilo próprio de humor, que muitas vezes extraía da vida cotidiana, de pessoas comuns e de questões atuais. Seu primeiro livro, uma coletânea de histórias que já tinham saído na imprensa, Contos humorísticos (Iomoristítcheskie rasskázy), publicado em 1910 pela editora Chipóvnik (Rosa silvestre), deu-lhe enorme reconhecimento entre críticos e leitores. O sucesso foi tanto que a obra foi impressa três vezes no primeiro ano e ainda deu origem a um segundo volume.
O complicado cenário político que acompanhou a Revolução Russa fez com a escritora deixasse о país em 1918. Foi a Kiev para uma viagem de trabalho e não mais retornou. A partir de 1920, passou a morar em Paris, onde por décadas colaborou em jornais e revisas de emigrados russos, como Renascimento (Bozrojdenie) е Rússia futura (Griadúschaia rossia). Ali também publicou algumas antologias de contos e poemas, como Assim viviámos (Tak jíli, 1922), Passiflora (1923), Cidadezinha (Gorodók, 1927), Sobre a ternura (O niéjnosti, 1938) e Zigue-zague (1939). Téffi tornou-se uma figura muita ativa entre os emigrados, participando de associações, clubes e fundos, e seus contos apareciam em revistas e jornais russos de várias cidades do mundo, como Berlim e Nova Iorque. Apesar das dificuldades financeiras e dos sérios problemas de saúde, Nadiejda Téffi escreveu até morrer, em 1952. Na União Soviética, a circulação de suas obras diminuiu no fim dos anos 1920, mas, na Rússia, elas são publicadas, estudadas e adaptadas para teatro e televisão.