Leonid Dobýtchin
No fim de 1987, um pouco depois de voltar de Estocolmo, onde fora receber o Nobel de literatura, Joseph Brodsky falava a um grupo de estudantes e professores da Universidade de Harvard. O escritor Arkádi Lvóv lembra o episódio no jornal:
— Qual dos escritores…
Brodsky nem terminou de ouvir a pergunta:
— Minha altivez é a poesia.
— Mesmo assim, quem o senhor considera o maior escritor russo pós-revolucionário?
Brodsky refletiu. Ouviam-se vozes de todos os lados:
— Bulgákov, Platónov, Bábel, Zóschenko…
— Dobýtchin — proferiu Brodsky rapidamente. — Leonid Dobýtchin.
(Extraído de um artigo de V. Mechkóv, publicado em Gazeta da Cidade, Eupatória, Ucrânia, ago–out, 2007, nº 29–39)
O nome de Leonid Dobýtchin (1894–1936), hoje aclamado por literatos russos, foi redescoberto depois de 1990. Dobýtchin enfrentou uma vida repleta de dificuldades. Trabalhou como estatístico em regiões do norte da Rússia, dividindo quartos de solteiro com a mãe, uma parteira, e três irmãos. Viveu os últimos anos de sua vida em Leningrado (atual São Petersburgo). A morte do escritor, em 1936, provável suicídio, ocorreu no momento em que Stálin declarou guerra contra o formalismo. Ser tachado de formalista e politicamente míope, como Dobýtchin o foi após a publicação da novela A Cidade Ene (1935), era na época uma acusação gravíssima. Ele defendeu-se dela numa reunião na União dos Escritores de Leningrado e desapareceu no dia seguinte. Em vida, além da novela, publicou duas coletâneas de contos, Encontros com Liz (1927) e O retrato (1931) — reunidas em Encontros com Liz e outras histórias (ed. Kalinka, 2009). Escreveu ainda Os selvagens (1989) e O clã do Churka (1993), este que recebeu o prêmio “Internacional Book of the Year” do Times Literary Supplement de 1994.
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