Bobók / Meia carta de “um sujeito”
Bobók / Meia carta de “um sujeito”
Publicados pela primeira vez em 1873, em Diário de um escritor, coluna que Fiódor Dostoiévski (1821-1881) assinava na revista O cidadão (Grajdanin), Bobók & Meia carta «de um sujeito» respondem a algumas querelas do autor com seus contemporâneos ao mesmo tempo que descortinam uma sociedade desigual e hipócrita e os estranhos meandros do jornalismo. Em Bobók, temos um escrevinhador que escuta vozes do além num cemitério, expondo nelas toda a dissimulação de uma elite hierarquizada. Enquanto, na desconcertante Meia Carta «de um sujeito», o mesmo escritor “que apareceu na revista falando a propósito de uns ‘tumulozinhos’” retrata dois folhetinistas que se atacam convulsivamente em nome de seus patrões: «Bom seria se tu saísses em tua própria defesa! Ao contrário, o que mais me surpreende em ti é que tu realmente perdes a cabeça, sobrecarregas o coração como se fosse por teu quinhão, brigas com o folhetinista rival como se brigasses por tua ideia predileta, por uma convicção que é a ti mesmo preciosa. No entanto, no fundo tu mesmo sabes que não tens ideias próprias, muito menos convicções». Na produção jornalística de Dostoiévski, estas duas pequenas ficções destacam-se pela filiação à tradição gogoliana, com o uso do cômico, do fantástico e do grotesco no cotidiano.
COLEÇÃO MIR reúne edições bilíngues da prosa curta russa. Cada livro acompanha uma leitura do texto feita por um russo. Mir, em russo, significa “paz” e “mundo”.
SAIU NA IMPRENSA
Folha de S. Paulo/Ilustrada, por Henrique Canary Jun/18
Estado de S. Paulo (Aliás), por Gutemberg Medeiros Set/18
| AUTOR: Fiódor Dostoiévski |
| TÍTULO ORIGINAL: Bobók & Polpisma «odnogo litsá» |
| TRADUÇÃO: Moissei Mountian, Daniela Mountian |
| ÁUDIO: Tatiana Larkina |
| ISBN: 9788561096137 |
| LANÇAMENTO: 2018 |
| PÁGINAS: 128 |
| FORMATO: 19x14cm |
| EDIÇÃO: Bilíngue |
| PROJETO GRÁFICO: Daniela Mountian |
| CAPA: Daniela Mountian |
| ACABAMENTO: Brochura |
Fiódor Dostoiévski

Franzino e epilético, Fiódor Dostoiévski (1821-1981), nascido em Moscou, foi o segundo filho de uma penca de oito. Seu pai, Mikhail Dostoiévski (1787-1839), era médico — dizem que morto pelos próprios servos — e sua mãe, Maria Netcháieva (1800-1837), vinha de uma família de comerciantes. Após a morte de Maria, de tuberculose, Fiódor ingressou na Escola de Engenharia da guarda imperial, em Petersburgo, época em que a atração pela literatura despertou no jovem de 16 anos — ele passava todas as horas vagas debruçado em livros. Não demorou para Fiódor abandonar a engenharia e enveredar para as letras. Deu seus primeiros passos como tradutor e, em 1845, concluiu seu romance Gente pobre. Alguns anos após seu début, Dostoiévski, em 1849, aos 28 anos, foi sentenciado à morte com membros do Círculo de Petrachévski, acusado de conspirar contra o governo. Minutos antes da execução, a pena foi comutada e ele enviado à Sibéria para cumprir quatro anos de trabalhos forçados — o período produziu uma mudança profunda no escritor. Fiódor Dostoiévski consagrou-se por romances viscerais como Crime e Castigo (1866) e O idiota (1868), mas também deixou um legado inestimável de prosa curta. Dois exemplos são Bobók & Meia carta «de um sujeito», que apareceram primeiramente nas páginas da revista O cidadão. A controversa publicação fundada pelo príncipe Meschiérski (1839-1914), conhecido pelas posições ultraconservadoras, foi editada em 1873 por Dostoiévski (um ano depois do romance Os demônios sair), que já tinha tido experiência jornalística com suas revistas O tempo (1861) e A época (1864), ao lado de seu irmão mais velho, Mikhail. Na Cidadão, Dostoiévski possuía uma coluna, chamada Diário de um escritor, que reunia textos ficcionais, ensaios e crônicas. A coluna obteve tamanho sucesso — ele era mais conhecido por ela que por seus romances — que, a partir de 1876, tornou-se uma publicação independente. O último ano do Diário coincidiu com o da morte do autor, aos 59 anos, dois meses depois de seu último romance, Irmãos Karamázov, ser publicado.
