Mês: agosto 2021
Nikolai Leskóv
De origem humilde, Nikolai Leskóv (1831–1895), o mais velho de sete irmãos, teve vários trabalhos antes de dedicar-se, nos anos1860, ao jornalismo e à literatura. As viagens comerciais que fez pela Rússia em 1857, ao trabalhar com um tio de sua esposa, deram-lhe a oportunidade de conhecer variados tipos humanos, que foram retratados repetidamente em suas obras.
O posicionamento independente do escritor o fez colecionar polêmicas religiosas (chegou a virar tolstoísta) e políticas (ele se indispôs com conservadores e radicais) nas duas profissões que tinha, que na verdade coincidiam de certa forma.
Deixou romances, como A lugar nenhum (1864), novelas, como Lady Macbeth do distrito de Mtzensk (1865), e muitos contos, como “O canhoto“ (1881), que, entre realidade e ficção, retratam camponeses, religiosos, comerciantes, loucos e tratantes, sempre com uma linguagem saborosa e variegada que usa da sátira e da estrutura dos contos populares russos.
Parа crianças, publicou na década de 1880 a coletânea Contos de Natal (1886) e textos nas revistas Palavra sincera e Brinquedinho, como “A cabra” e “O espantalho”.
O nome de Léskov também se tornou conhecido por um ensaio de Walter Benjamin sobre o narrador, de 1936, que circulou nos meios acadêmicos e no qual é acentuada a oralidade de sua narrativa.
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Catarina II
Leitora aplicada, Catarina II (1729–1796), a imperatriz da Rússia entre 1762 e 1796, além de trocar correspondências com pensadores célebres, aventurou-se na escrita. Os primeiros contos russos para infância saíram da pena da tsarina.
Catarina nasceu Sophie Friederike Auguste, na antiga Prússia, e, ao casar-se com o futuro Pedro III e converter-se à fé ortodoxa, adotou o nome russo.
Nos 34 anos de seu governo, ela aprofundou o processo de ocidentalização iniciado por Pedro, o Grande, e promoveu as ciências e as artes. Foi sua coleção particular, incluindo 13 quadros de Rembrandt e 11 de Rubens, que deu origem ao acervo do Museu Hermitage; em 1764, graças a seu empenho, foi inaugurado o Instituto Smólny para moças nobres, a primeira instituição educacional para mulheres da Rússia; também foram criados, com seu incentivo, arquivos, tipografias, bibliotecas.
Mesmo com os avanços culturais e algumas ideias progressistas, seu reino foi marcado pelos privilégios que cedera aos nobres e pela falta de liberdade e de direitos dos camponeses, a maior parte da população. Não por acaso Emelian Pugatchóv (c. 1742–1775) comandou um levante camponês em 1773/1774, acontecimento descrito na novela A filha do capitão (1836), de Aleksándr Púchkin.
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